Pintura: Sr. do Vale
0,72m x 0,54m
Desaguar terras
Em um solo revolto de
águas terrestres.
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Os passos afetuosos
cedem à lua vermelha
o brilho de seus sentidos.
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Paradoxos vividos
sob a mansa tez
do homem sem evidência.
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Eis que vejo
Um astro vermelho
Uma estrela em decadência
Mar e céu sem horizonte
Surreal evidência
Que me encontro em pleno sonho
De irreal incandescência
Posto que sonho, voo lento
Do cinzento leito praiano
Ao altiplano ventanoso
De verde luminescência
Me perco nas entranhas
De estranhas reminiscências
Então me dou conta, ao pensar
Que estou no obscuro limiar
Entre os reinos do Sonhar
E à luz do acordar
A Magia se faz Ciência
Ainda me sinto a voar
Arrisco um riso ao lembrar
De uma estrela vermelha
A centelha a esbrasear
As cinzas da evidência
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UTOPIA
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Num firmamento utópico,
Sobe um fantistico foguete,
Através de uma nuvem
Com o conteúdo de uma vida branca.
No horizonte de um olho,
O mutante vai sumindo e assumindo,
Nos incontiveis séculos que passam
Como paginas de um livro grosso e santo.
E no espaço arqui-sideral,
Um pássaro de fogo avança sem parar,
À procura de outros mundos, outras vidas,
Onde a vida e a morte sejam livres!
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Viajei ao centro da terra
e encontrei um homem que lambia a água
que por uma fenda feita na terra escorria.
Viajei ao centro do homem
e encontrei um lamento sedento.
A vida esparramada em cores,
sentimentos,
temperaturas e sabores.
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A dor é evidente
o abismo é evidente
é evidente que desmanchamos as encostas
o limo escorre lento e esverdeado.
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A evidência do perfil disforme
o reflexo inconcluso abaixo
a linha azul do céu
o solitário planeta vermelho.
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Tudo nessa imagem evidencia
a incoerência
a sensação aguda
de estar em algum lugar
sem a ele pertencer.
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É quase uma desevidência.
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Espero que a evidência
Bebida com a devida paciência
Invada com malevolência
A vossa consciência
Desfaça toda e qualquer indolência
E só no fim
Por clemência
Muitiplique enfim
Tudo isso que grita em mim...
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"No crepúsculo do dia
O inferno verde avança,
Cobre, escorre e esfria...
O vermelho quente, cansa.
A escuridão da noite chega,
O contraste se anuncia
E rostos escondidos nas pedras
Logo se evidenciam...
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