Cara a Cara

Pintura: Sr. do Vale
2,50m x 1,50m
Cara a cara
.
Eu, de cara para a minha mentira
nua e crua
encarada por minha face de piedade
.
eu, sem espelho de maldade
desconfio de que vejo
algo que não projeto
.
sou duas caras ou sou resto
da minha metade que sobrou
[esqueceu-se de ir
para dentro do objeto mágico
que transforma vidro em ilusão
um em dois
[um ser que encara outro
com feição de misericórdia.
.
Se não é reflexo
o que vejo são os olhares de sempre
que me reclusam para dentro da tela
e me induzem a ser máscara.
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Todos nós temos não uma, nem duas, mas milhares de caras, máscaras, personalidades e personagens que usamos para desviar das pedras do caminho, chegar a algum lugar, manter as aparências, a sanidade, enfim, viver é foda, é como participar constantemente de um jogo de estratégia, onde a cada instante suas vantagens são tiradas e colocadas de forma aleatória, como em um experimento conduzido com ratos de laboratório só para ver qual rato vai saber sacar a máscara certa e ter maior flexibilidade para chegar, ainda que sem vontade, ou sem certeza, em algum lugar, do qual ninguém faz idéia do que seja, ou ao menos se quer realmente chegar.
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Trás a ausência na plástica a beleza
Distorce o bicho que habita a alma delicada que espanta e canta o som de uma orquestra criada. Chega sem avisar com o espanto que a cor quer sempre realçar. Demonstra e cita cada partícula que a luz tem. O interior do nada de alguém diante do tudo de niguém.

7 comentários:

Anônimo disse...

Tocou-me muito esta pintura.

Vou te enviar algo que estou escrevendo por e-mail.

Excelente trabalho, Sr. do Vale.

Beijo.

caverna disse...

Bela pintura e belo poema.

A seqüência de palavras escritas pela Larinha combinou perfeitamente com o belo quadro pintado.

Todos nós temos não uma, nem duas, mas milhares de caras, máscaras, personalidades e personagens que usamos para desviar das pedras do caminho, chegar a algum lugar, manter as aparências, a sanidade, enfim, viver é foda, é como participar constantemente de um jogo de estratégia, onde a cada instante suas vantagens são tiradas e colocadas de forma aleatória, como em um experimento conduzido com ratos de laboratório só para ver qual rato vai saber sacar a máscara certa e ter maior flexibilidade para chegar, ainda que sem vontade, ou sem certeza, em algum lugar, do qual ninguém faz idéia do que seja, ou ao menos se quer realmente chegar.

Abraços!

byTONHO disse...



→másCARAЯACaob ←

Fiquei de CARA, ficou do CARAlho!

VALEu, o SR é o CARA!

A LARAMARAL 'doou' sua "másCARA"!

Abraços

Juliana Carla disse...

Boa tarde Sr. do Vale!

O seu cantinho inspira uma das maiores riquezas: o dom da palavra. Por isso você acaba de ganhar o selo “Prêmio Blog de Ouro”!

Passe no Braille da alma e retire o seu. Ele está no canto direito da página.

Parabéns!

Bjuxxx e xerooo

Ps.: o prêmio vale por sua pintura também.

Selena Sartorelo disse...

Olá Senhor do Vale,

Trás a ausência na plástica a beleza
Distorce o bicho que habita a alma delicada que espanta e canta o som de uma orquestra criada. Chega sem avisar com o espanto que a cor quer sempre realçar. Demonstra e cita cada partícula que a luz tem.
O interior do nada de alguém diante do tudo de niguém.


beijos

Hercília Fernandes disse...

Belíssimo post, Sr. do Vale.
Em forma, cor, conteúdos... Em projeções várias.

Parabéns pelo muito da postagem. E um forte abraço em todos os artistas, no quadro, presentes.

Beijos,
H.F.

Dona Sra. Urtigão disse...

Prefiro entender como a contemplação do outro, ou outros, sendo eu a terceira cara...