Caverna


Pintura: Sr. do Vale
Atravessar a cidade,
Em busca de algo.
De um planeta.
De um país.
Ou mesmo de uma estrela.
Não precisa muito.
Espaçonave.

Atravessar essa cidade, em busca do calor dessa vida.
Que queima.
Alma que chama.
Parece ser fácil esquecer,
De que lado nasce o sol.
Quando não queremos vê-lo.
Mas não é.
Seria preciso tapá-lo,
Tranca-lo,
Acorrenta-lo.

Mas mesmo assim,
No primeiro pingo d’água,
Seria refletida sua ausência.
Na minha ânsia, de ver seu brilho,
Cintilando no orvalho.
A claridade da luz, na fenda
Que se abre da terra.
Mas não são as retinas de meus olhos que querem essa luz.
É o espaço do coração que quero tê-la.
Não engavetar as cinzas de uma escuridão finita.
Alimentar-se dela,
Para dela pulsar o sangue de anticorpos.
Para alimentar novas cavernas escuras.
Novas fendas abertas,
Entre impulsos do bem e do mal.
Estando mais além,
Saindo das escuras grutas,
Pra ir em busca da luz.

IOANES NULLIUS

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